Deixa eu te contar um segredo. O selecionador é preconceituoso na análise dos currículos, você sabia?! Em razão do pouco tempo e do grande número de candidatos que existem ele é obrigado a filtrar através da análise prévia do currículo, ali ele vai conceituar o que vê e tomar uma decisão (analisar melhor ou descartar o currículo para aquele processo seletivo), você tem pouco tempo para chamar a atenção dele!
Pensando nisso e também na experiência em recrutamento e seleção, resolvi escrever para você essas dicas simples, mas que irão orientá-lo a editar um currículo simples, objetivo e coerente. Elas são pautadas nos principais erros cometidos pelos candidatos, leia com bastante atenção e lembre-se que a sua falha pode custar sua próxima colocação profissional.

Quem não é visto, não é lembrado, não é mesmo?! Parece simples e muito clichê essa fala em campanhas publicitárias, mas é através desta simplicidade que podemos alcançar a excelência em muitos objetivos pessoais e profissionais quando o assunto é concorrência e mercado de trabalho. A forma como as empresas e os profissionais responsáveis pela contratação enxergam as pessoas disponíveis para trabalhar influencia muito no processo de pré-seleção, que ocorre na maioria das vezes através da seleção de currículos, que devem ser coerentes e organizados.

Seja como um estagiário, empregado ou um intraempreendedor, são menos de 30 segundos para que o documento chame a atenção de quem seleciona, e por isso alguns cuidados importantes devem ser tomados para não se aventurar, tampouco perder uma oportunidade. Currículo é um documento que relata seu histórico, quem você é, como te encontrar, o que você quer, o que você fez e faz profissional e academicamente. Não o confunda com um panfleto promocional que se imprime em grandes quantidades e entrega em qualquer lugar a qualquer pessoa. Ele é destinado ao responsável pelo recrutamento e seleção da empresa.Não existe um modelo padrão de currículo, mas pelo menos quatro itens não podem faltar:

a) Dados pessoais:

O que é?

Nome, idade, endereço completo, links de perfis das redes sociais profissionais ou sites, categoria da habilitação (se houver), endereço de e-mail e telefones completos (pois nós, recrutadores, estamos acostumados a não conseguir contato com candidatos porque a informação está errada).

Dica

Apesar de não ser um erro, evite colocar foto. Não precisa citar estado civil, se tem filhos ou não, nem data de nascimento, a menos que seja menor de 18 anos.

Como falhar?

Informar errado ou esquecer-se de informar dados de contato, colocar número de documentos pessoais, filiação, citar que conhece pessoas da empresa, colocar fotos escandalosas (semblante com expressão forte, roupa inadequada, acessórios em excesso, mostrar as mãos) ou frases apelativas, ditados populares e citações religiosas.

b) Objetivo:

O que é?

Informação que não deve tomar mais de uma linha e dizer claramente diz qual cargo pretende ocupar ou em qual área pretende atuar.

Dica

Se você sabe que tem uma vaga em aberto coloque ela como objetivo, por exemplo, “Objetivo: representante comercial”, senão, coloque apenas a área “Objetivo: atuar na área comercial”.

Como falhar?

Colocar objetivos que não são nada objetivos do ponto de vista da seleção, por exemplo, “Atuar com eficiência e me dedicar para que a empresa cresça e, consequentemente, eu também cresça”, isso não ajuda em nada o recrutador. Deixar um currículo sem o objetivo pode significar “pronto para tudo” ou “pronto para nada”.

c) Histórico profissional:

O que é?

Informações da(s) empresa(s) ou projeto(s) que atua ou atuou. Contém cargo, período de atuação, função (tarefas, atribuições e responsabilidades) e resultados obtidos.

Dica

Sempre que possível expresse seus resultados em números e/ou percentuais, por exemplo, “responsável por reduzir em 12% os gastos operacionais do setor em 8 meses” ou “responsável por reduzir o tempo de produção em 10%”. Coloque os empregos em ordem decrescente (do atual para o mais antigo) e no máximo 4 experiências profissionais ou os últimos 5 anos, a exceção é quando seu trabalho é superior a este período ou você teve outras experiências que são importantes para a vaga pretendida.

Como falhar?

Citar muitas experiências profissionais que são na mesma área, com os mesmos ou nenhum resultado. Esquecer de colocar a empresa, o período, a descrição das funções ou resultados obtidos (quando possível) ou esquecer uma experiência importante. Propositalmente não citar uma experiência (ainda que fracassada) que depois será confrontada com a Carteira de Trabalho.

E quando não se tem experiência profissional, o que fazer?
Não existe segredo nem atalho, mas tenho três dicas importantes:

A primeira é citar trabalhos informais realizados, ainda que esporadicamente e sem remuneração, pois é uma forma de se desenvolver competências e adquirir responsabilidades, a exemplo de cuidadores de pessoas, animais, patrimônio, garçom, auxiliares em geral, vendedores autônomos, trabalhos artesanais, acadêmicos ou sociais.

A segunda dica é procurar por vagas que são destinadas a pessoas em início de carreira e com pouca ou nenhuma experiência, por exemplo, estágio, aprendiz ou trainee.

A terceira dica é se dispor a realizar trabalhos sociais, acadêmicos e/ou voluntários em escola, faculdade, associação de moradores, igrejas, clubes, sindicatos, ONGs e etc., além, claro, de empreender naquilo que você tem aptidão para fazer.

d) Escolaridade:

O que é?

É o seu grau de instrução, informações dos cursos que você fez ou faz que possuam relevância para o cargo ou a área pretendida. Contém o nome do curso, instituição onde fez (ou faz), duração (meses ou horas) e período que cursa (matutino, vespertino ou noturno) se for o caso. Neste campo você também cita projetos e trabalhos acadêmicos que participou.

Dica

Coloque os cursos em ordem decrescente (do atual para o mais antigo) e somente aqueles que possuem relevância para a vaga. Pense e evite o óbvio, por exemplo, estar na faculdade e mencionar que possui “ensino médio completo”, a exceção é quando o ensino médio é seqüencial e nele foi feito outro curso profissionalizante simultaneamente.

Como falhar?

Citar fracassos como trancamento de cursos achando que o recrutador vai ter compaixão de você, citar inúmeras palestras e eventos que participou com pouquíssimas horas de duração tentando impressionar ou citar cursos que não possuem nenhuma relevância para a área profissional ou a empresa.

Seguindo estas dicas você não terá certeza de sucesso, mas fará uma grande diferença na primeira etapa de um processo seletivo, mas lembre-se que possuem outras etapas como entrevistas, testes teóricos e práticos profissionais, testes psicológicos, dinâmicas de grupo e avaliação de redes sociais. Outras dicas gerais muito importantes são não mentir em nenhum momento, também não citar no currículo suas competências, por exemplo, “sou proativo(a), comunicativo(a), fácil aprendizado e bom relacionamento interpessoal”, isso é inútil e quem chegará a essas conclusões é o recrutador e não você.

Utilize o revisor ortográfico do seu editor de texto, corrija todos os erros de gramática e não enfeite o currículo com cores, sinais, negrito, itálico, sublinhado, frases de efeito ou formalidades do tipo “por ser expressão da verdade, firmo o presente”. Não assine seu currículo que deve ter, no máximo, duas páginas.

Ah... Não abrevie informações, “blz”?!

O selecionador não tem obrigação de conhecer todas as siglas que existem, mas ele não é leigo. Seja seletivo quando for utilizar abreviações para não cair em armadilhas e deixar seu currículo ininteligível, de forma que só você entenda. Um exemplo prático é a sigla CEP, que pode significar, dentre outros, “código de endereçamento postal” ou “controle estatístico de processos”, sua significação depende do contexto. Em casos comuns como o endereço, utilize apenas a sigla “CEP”, pois é sabido por todos que se trata do código de endereçamento postal. Já na formação acadêmica, que é um campo mais amplo e variável, para citar um curso utilize a descrição completa, ex.: "Curso de Controle Estatístico de Processos – CEP", e não "Curso de CEP".

Devo colocar referências pessoais?

Você mencionaria no currículo uma pessoa que falaria mal de você? Creio que não! Nós selecionadores não fazemos contato com as referências pessoais perguntando sobre você, pois sabemos que, indubitavelmente, falarão bem. Não é necessário colocar referências pessoais. Para saber mais sobre você geralmente os contatos são feitos com os ex-empregadores ou atuais ou em visitas na página do seu perfil nas redes sociais. Só coloque referência quando a empresa solicitar.

Informações complementares

Somente se for necessário crie este tópico e informe aqui se você tem alguma necessidade especial, se tem disponibilidade para viagens e mudanças de local de trabalho e etc. Não seja redundante em colocar aqui o que já apareceu em outro tópico!

Data da revisão

Utilizando um rodapé na página, informe o mês e ano em que você atualizou seu currículo. Isto facilita para os selecionadores que não tomam nota da data de recebimento do documento. Ex.: rev. set/2018.

Lembre-se de ser objetivo(a), coerente, organizado(a) e verdadeiro(a)!

Vamos ver como ficou o modelo depois das minhas dicas?

Faça aqui o

Microempreendedor faz currículo?
Sim, claro! Mas nem sempre. O empreendedorismo pode ser dividido em três espécies: empreendedorismo corporativo (intra-empreendedorismo ou empreendedor interno), empreendedorismo start-up e o empreendedorismo social.
Apenas na modalidade corporativa que se usa o currículo como meio de apresentação pessoal e profissional, pois é a forma onde o empreendedor se empenha num negócio que não é seu, mas trabalha e pensa como se fosse.
Já nas modalidades start-up (inteligência aplicada a soluções e finalidade lucrativa) e social (inteligência aplicada a soluções para aspectos sociais, econômicos, culturais e ambiente sustentável), em que a pessoa empreende naquilo que é seu, neste caso utiliza-se outros canais para apresentação pessoal e profissional como sites, cartões de visita, e-mail marketing, banner, outdoor, jornais, televisão, rádio e etc.